O que é: Yearning for the high (anseio pela euforia) e o ciclo do vício na dependência química
O termo “yearning for the high” refere-se ao profundo desejo que os indivíduos dependentes têm de experimentar a euforia proporcionada por substâncias psicoativas. Esse anseio é uma das características mais marcantes do ciclo do vício, onde a busca pela sensação intensa se torna um comportamento compulsivo. Estudos demonstram que esse desejo pode ser desencadeado por fatores emocionais, sociais e biológicos, levando o indivíduo a um ciclo vicioso de uso e abstinência.
O ciclo do vício é frequentemente descrito em três fases: uso, abstinência e recaída. Durante a fase de uso, o indivíduo consome a substância para experimentar a euforia. No entanto, com o tempo, a tolerância se desenvolve, exigindo doses cada vez maiores para alcançar o mesmo efeito. Isso intensifica o anseio pela euforia, criando um ciclo que é difícil de romper. A literatura dos 12 passos de Narcóticos Anônimos (NA) e Alcoólicos Anônimos (AA) enfatiza a importância de reconhecer esse ciclo como um passo crucial para a recuperação.
A fase de abstinência é marcada por sintomas físicos e psicológicos que podem incluir ansiedade, depressão e irritabilidade. Esses sintomas muitas vezes intensificam o desejo pela substância, levando o indivíduo a buscar alívio através do uso novamente. A neurociência tem mostrado que a abstinência ativa áreas do cérebro associadas ao prazer e à recompensa, reforçando o comportamento de busca pela euforia. Pesquisas realizadas por instituições como a USP e a UFMG corroboram essa relação entre abstinência e o anseio pela euforia.
A recaída é uma parte comum do processo de recuperação e pode ocorrer mesmo após longos períodos de abstinência. O desejo intenso de voltar a sentir a euforia pode ser um gatilho poderoso que leva o indivíduo a reconsiderar seu compromisso com a sobriedade. O suporte de grupos como NA e AA é fundamental nesse momento, pois oferece um espaço seguro para discutir esses sentimentos e encontrar estratégias de enfrentamento.
Além dos aspectos psicológicos, o ambiente social do indivíduo também desempenha um papel significativo no ciclo do vício. A pressão de amigos, familiares e a exposição a ambientes onde o uso de substâncias é comum podem exacerbar o anseio pela euforia. Estudos indicam que a construção de um novo círculo social, que apoie a recuperação, é essencial para romper esse ciclo. Profissionais de saúde mental recomendam a participação em atividades que promovam o bem-estar e a conexão social como parte do tratamento.
O tratamento da dependência química deve abordar tanto os aspectos físicos quanto os psicológicos do vício. Terapias comportamentais, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), têm se mostrado eficazes na redução do anseio pela euforia, ajudando os indivíduos a desenvolver habilidades de enfrentamento e a reestruturar padrões de pensamento. Além disso, intervenções médicas, como o uso de medicamentos, podem ser necessárias para ajudar a controlar os sintomas de abstinência e reduzir o desejo intenso.
A educação sobre o vício e suas consequências é uma ferramenta poderosa na prevenção da recaída. Programas de conscientização que abordam o ciclo do vício e o anseio pela euforia podem ajudar os indivíduos a entender melhor sua condição e a desenvolver estratégias para lidar com os desafios da recuperação. Instituições de ensino e centros de tratamento têm investido em materiais educativos que abordam esses temas, baseando-se em pesquisas acadêmicas e na experiência de profissionais da área.
Por fim, é importante ressaltar que a recuperação é um processo contínuo e individual. Cada pessoa pode vivenciar o ciclo do vício de maneira diferente, e o que funciona para um pode não funcionar para outro. O suporte contínuo de terapeutas, grupos de apoio e familiares é crucial para ajudar o indivíduo a navegar pelos altos e baixos da recuperação, sempre lembrando que o anseio pela euforia pode ser gerenciado com as estratégias corretas.